No sistema de subdivisão que o IBGE usou de 1989 a 2017, o Rio Grande do Sul tinha 7 mesorregiões: Noroeste, Nordeste, Centro Ocidental, Centro Oriental, Metropolitana, Sudoeste e Sudeste. Atualmente o Estado se subdivide em 8 regiões intermediárias: Porto Alegre, Pelotas, Santa Maria, Uruguaiana, Ijuí, Passo Fundo, Caxias do Sul e Santa Cruz/Lajeado.
Verifiquemos a origem dos nomes de cada município da mesorregião Sudoeste (popularmente, Campanha). No francês, formou-se a palavra champagne (planície de campo) para opor-se a montagne (zona montanhosa). No tempo da Antiga Roma, existia a região da Campania, que pode ter originado o italiano campagna e o francês champagne. Da Champagne francesa provém a bebida alcoólica que conhecemos como champanhe.
SUDOESTE SUL-RIO-GRANDENSE
19 municípios
Campanha Ocidental (10)
Alegrete. Toma o nome de seu fundador legal, o quinto Marquês de Alegrete, que iniciou a povoação em 1817. O título de nobreza fora criado pelo rei português em 1687. Em Portugal, Freguesia de Alegrete é uma vila de 1400 hab. do município de Portalegre, região do Alentejo, vizinho à Espanha.
Se Alegrete viesse do árabe, teria origem em al-iklil, alecrim, planta que se dá na região ibérica. Se não fosse assim, seria um diminutivo de Portalegre, assim denominada por estar a poucos km da fronteira e numa área verdejante, do latim portus (ponto de passagem) e alacer (aprazível), que deu alecris no latim vulgar.
Barra do Quaraí forma uma península fluvial no rio Quaraí, de onde toma o nome. Fica no extremo ocidente do estado.
Garruchos. Atribui-se o substantivo masculino a homens que usavam garruchas, lanças com uma faca curva na ponta, para caçar animais (aparecem em duas pinturas de Debret; v. figura abaixo). Outra hipótese é que proviesse das garruchas, armas de fogo usadas por bandeirantes (v. sítio da prefeitura). Se fossem garruchas de fogo, teriam sido usadas por invasores perigosos, e não dariam origem a um ideal positivo do tipo vaqueiro gaúcho, a ponto de batizar uma localidade. Garruchos foi distrito de São Borja até 1992 (v. Wikipédia).
Itaqui. Em guarani, ita, pedra, e ku'í, mole; "pedra de afiar". As margens do rio Uruguai são cheias de pedras boas para afiar instrumentos.
Maçambará. Antigo distrito de Itaqui, trocou seu nome de Recreio para o atual, cujo significado é: "pasto onde acampam os tropeiros".
Manoel Viana. Foi distrito de São Francisco de Assis até 1939, quando passou a chamar-se Vila de Manoel Viana, em homenagem ao intendente (prefeito) de 1908 a 1916, informa a prefeitura.
Quaraí. Batizada após o rio Quaraí. Conforme pesquisa de Nelson França Furtado (Vocábulos indígenas na geografia do RS, p. 147), há duas interpretações para o termo tupi-guarani:
"ou é Guará-hy, rio dos guarás, ou Quara-y, rio das covas ou dos buracos" (segundo T. Sampaio). Parece mais provável, entretanto, que derive de cuaracy (tupi), cuarahy (guarani), "o sol".
São Borja. Primeiro dos Sete Povos das Missões, fundado pelos jesuítas espanhóis no século XVII com o nome do espanhol São Francisco de Borja (1510-1572), homenagem ao terceiro superior geral da ordem dos jesuítas.
São Francisco de Assis. Um dos antigos povoados das missões jesuíticas, com o nome do santo italiano do século XIII.
Uruguaiana. Significa "cidade sobre o rio Uruguai". No livro de Nelson França Furtado, citado acima (p. 181), diz em Uruguai:
De uruguá, caracol, + y, água, rio: o rio dos caracóis.
Jover Peralta, prefere: uru-guá-y, de uru, ave, + guá, procedência, lugar, + y, água, rio: rio da região dos urus.
Batista Caetano dá Yruguai,
rio do canal.
Veja 6 hipóteses para Uruguay na Wikipedia em espanhol.
À esq., lanceiro com garrucha.
Campanha Central (4)
Rosário do Sul. A prefeitura informa que a padroeira do lugar foi Nossa Senhora do Rosário, desde o início do século XIX, antes de emancipar-se dos municípios vizinhos. Há outras 3 cidades brasileiras com este nome (MA, PR e MT). Essa devoção mariana nasceu em 1214. na França.
Santa Margarida do Sul. Distrito de São Gabriel desmembrado em 1996, mantendo o nome de Santa Margarida. Acrescentou-se "do Sul" pois existe outra cidade com o mesmo nome em MG. Conta-se que a área do antigo distrito pertencia a uma fazendeira chamada Margarida.
Sant'Ana do Livramento. A povoação portuguesa começou com a fundação de uma capela dedicada a Santa Ana do Livramento, cerca de 1810, inicialmente ligada a Alegrete.
São Gabriel. O sítio da prefeitura relata que o nome vem de 1800, quando o fundador espanhol do povoado quis homenagear Gabriel de Avilés, que na época governava o vice-reino do Rio da Prata. O governo imperial brasileiro manteve a denominação original. No Brasil há outras 4 cidades com este nome (AM, BA, ES, MS); nestes casos, a referência foi o Arcanjo Gabriel.
Campanha Meridional (5)
Aceguá. No tupi yace-guab pode significar: "lugar de descanso eterno", "terra alta e fria" ou "seios da lua", diz Wikipedia. Nelson França Furtado (p. 16) prefere ler: yaci, lua + cuá, cintura, meio: "vale da lua".
Bagé. No vocabulário de Nelson França Furtado (p. 27) há duas hipóteses, sem comprovação: ou seria corruptela do tupi-guarani pajé, feiticeiro, ou alteração de Ibagé, nome de um índio charrua que teria vivido e morrido na zona. Wikipédia cita as duas possibilidades, e traz uma terceira: Bagé vem de baag, "lugar do qual se retorna", que seriam os cerros da região. Diones Franchi (17-11-2015) escreve sobre o índio Ibagé, e aponta que mbayê ou bayé são os cerros que deram nome a Bagé.
Dom Pedrito. Segundo Wikipédia, em 1800 a zona começou a ser povoada, já como Nossa Senhora do Patrocínio de Dom Pedrito. O espanhol basco Pedro Ansuateguy, de onde veio o nome Don Pedrito, abria caminhos para o contrabando que organizava ao redor de 1770. O município foi antes distrito de Bagé, até 1872.
Hulha Negra. A riqueza da região é o carvão fóssil preto, a hulha, do francês houille. Foi distrito de Bagé até sua emancipação em 1992.
Lavras do Sul. Contam que, no século XVIII, um garimpeiro encontrou, no arroio Camaquã, uma pepita de ouro semelhante à imagem de Santo Antônio de Pádua, motivo pelo qual o lugar ficou com o nome de Santo Antônio das Lavras. "Lavra" refere-se à mineração; assim como lavoura e lavradio, vêm do latim labor, laboris. Emancipou-se em 1882; distingue-se de Lavras (MG).
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